sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Sentem ódio porque combatemos a fome?

Sentem ódio porque combatemos a fome?







     Depois dos argumentos de alguns paulistas sobre o posicionamento político e o voto dos nordestinos eu resolvi manifestar algumas considerações.

     Primeiro eu quero falar sobre as críticas ao assistencialismo. Notamos que durante muito tempo o país assistiu chocado ao que era exibido pelos jornais televisivos, onde pessoas e animais eram vistos em uma situação tão deplorável, sofrendo com a fome, com a seca e com uma miséria que os deixavam cadavéricos.
     E sentados inertes em suas poltronas a população se indignava e esbravejando acusavam os políticos de incompetência, de más intenções e de falta de sensibilidade. E assim gritavam: “ninguém vai fazer nada?”. E o grito continuava afirmativo: “Alguém precisa fazer alguma coisa!”. Exatamente assim, ninguém faz nada, que alguém faça. Sim, alguém, mas não eu.
Começou então uma campanha através da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, por iniciativa do Sociólogo Betinho.  
     Agora pasmem o mesmo cidadão inerte sentado no seu sofá, ao saber que finalmente viu esse tal alguém, que não fosse ele, tomando a responsabilidade para si e iniciando uma campanha fazendo aquela tal alguma coisa que a população indignou-se tanto por não ter sido feita, esse mesmo cidadão que passivo esbravejava resolveu tecer suas considerações.
     E então, você deve achar que Betinho foi aclamado por estas pessoas, correto? Não, foi apontado como um assistencialista, porque a tal alguma coisa era um projeto para ensinar a pescar e não para dar o peixe. Puxa, recorreram ao lugar comum para apontar para esse tal alguém que fez a tal alguma coisa. Betinho por sua vez, após transformar-se naquele tal “alguém” que fez a tal “alguma coisa” ainda se defendeu por ter levado o “peixe” e não ter ensinado a pescar e disse naquela época: “quem tem fome tem pressa”.
     Então chega ao poder o Presidente Luís Inácio Lula da Silva e começa a maior transformação da política brasileira, um presidente que iria olhar para os pobres, para os miseráveis, para os famintos e para as vítimas da seca. E olhar é uma maneira muito simplista de falar, ele não só trabalhou para acabar com os problemas básicos, mas também começou um investimento jamais visto para que todos os atingidos pelos problemas sociais do Brasil tivessem oportunidades reais, e além de cursos técnicos e profissionalizantes, muitos poderiam inclusive ingressar em uma universidade. Aí eu pergunto o porque de tanto ódio nas falas das pessoas, se foi dado um passo inicial que caminha na direção da solução dos problemas. O discurso de ódio deve ter uma motivação e por isso fui buscar na literatura alguma explicação e encontrei na obra “Inveja – o mal secreto” de Zuenir Ventura alguns pontos muito interessantes que podem nos ajudar neste raciocínio. Então pelo fato da população receber uma renda, um auxílio que seja mais do que as sobras e excedentes dos mais favorecidos, pelos pobres receberem não mais os restos dos privilegiados, isso pode ter despertado um pouco deste sentimento mal compreendido chamado inveja. Segundo Zuenir, a emergente Vera Loyola deu as melhores declarações para o livro, uma delas foi: "O verdadeiro amigo não é aquele que é solidário com sua desgraça, mas aquele que suporta o seu sucesso. É exatamente isso”. Na apresentação do livro, a síntese deste pecado é descrita da seguinte forma: “'Mal secreto' mistura aventura e revelações, como num jogo tecido pela própria inveja onde o mais importante não é o que se ganha, mas o que o outro perde.”.
     Outro dia eu estava no carro de um amigo e ele fazia um discurso bastante prolixo enquanto dirigia. Dizia ele da vergonha de morar no “país do bolsa família”, que se sentia ultrajado, porque é um país de vagabundos e que com certeza não se pode dar o peixe, que é necessário ensinar a pescar. Completou ainda maldizendo o que ele definiu como “essa gente que fica com peninha, querendo parecer bonzinho”. Acredito que ele se referia aos sociólogos, assistentes sociais e outros profissionais em áreas correlatas. Logo à frente paramos no semáforo e vi que ele abriu o vidro do carro e estendeu a mão para entregar algumas moedas para um garotinho que não deveria ter mais do que 7 anos. Puxa, ele nem tem consciência do que é a miséria, nem consciência da importância dos programas sociais e muito menos de que o seu ato é considerado um incentivo a miséria. Muito pior do que dar o peixe eu diria, pois nem pode ser considerado ajuda ou assistencialismo.
     Em relação ao voto, nós vemos que o nordestino talvez seja o povo que melhor sabe escolher seus candidatos. Se a regra é votar por quem faz algo muito bom para o povo ou apostar em uma renovação e eleger quem deverá fazê-lo, então eles escolhem muito bem. Ao contrário do sudeste, onde o governo é ineficiente em muitas áreas, inclusive com as mais significativas como segurança, saúde, transporte (vejam nosso metrô) e com a educação. E a população continua reelegendo os mesmos, enquanto o nordeste se posiciona na mudança política, a Bahia elege novos governantes quebrando com a chamada política do coronelismo. E São Paulo apoia um governo inexpressivo, o governo do “arroz com feijão” e que só coloca chuchu na mistura. E quem sabe votar afinal?
     De acordo com o site do programa Fome Zero, no Brasil em 2003 existiam 44 milhões de pessoas ameaçadas pela fome. Hoje a ONU reconhece que o combate a fome no Brasil atingiu índices expressivos, mas, ainda não temos que comemorar, porque por mais eficiente que o programa tenha sido, estima-se que 14 milhões de brasileiros ainda sofram com a fome. Por isso fico chocado quando tentam distorcer o programa bolsa família, porque não podemos combater um programa que ainda não atingiu seu objetivo final e na sua totalidade, muito pelo contrário, deveríamos todos colaborar para que ninguém sofra mais com a fome, nem os nossos 14 milhões de brasileiros, nem os estimados 1 bilhão de pessoas em todo o mundo.
     Por isso, pensem se o ódio que sentem e a crítica que faz não é sintoma de uma inveja. O autor Zuenir Ventura, através das pesquisas para escrever o livro “Inveja – o mal secreto”, esclarece alguns conceitos para nos ajudar a entender o significado deste pecado e o distingue  de outros sentimentos.

"Ciúme é querer manter o que se tem;
cobiça é querer o que não se tem;
 inveja é querer que o outro não tenha."

Boa reflexão!

Eu sempre deixo um vídeo e hoje vou deixar um poema do  Maçambira, declamado pelo Saulo Laranjeira. 


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Por que se preocupa?





POR QUE SE PREOCUPA?


Deveria haver risos após a dor,
Deveria haver a luz do sol após a chuva,
Essas coisas sempre foram as mesmas,
Então por que se preocupar agora?





Eu me lembro bem daqueles dias em que ouvi esta música. Era década de 90 e eu estava deitado no sofá ouvindo rádio. Esta música começou e eu corri colocar uma fita K7 e apertar o botão para gravar. Foi um tempo bom, eu deveria ter meus 13 ou 14 anos, mas foi um momento em que eu era transferido de escola e estava um pouco chateado. Depois eu comprei o CD do Dire Straits chamado Brothers In Arms. 

Uma música marca um momento e então ela passa a representar muito mais ainda pelas figuras de pensamento que ela constrói.


Como de costume, vou deixar o vídeo e a letra abaixo.





 

 

Why Worry

Baby I see this world has made you sad
Some people can be bad
The things they do, the things they say
But baby I'll wipe away those bitter tears
I'll chase away those restless fears
That turn your blue skies into grey

Why worry, there should be laughter after pain
There should be sunshine after rain
These things have always been the same
So why worry now

Baby when I get down I turn to you
And you make sense of what I do
I know it isn't hard to say
But baby just when this world seems mean and cold
Our love comes shining red and gold
And all the rest is by the way

Why worry, there should be laughter after pain
There should be sunshine after rain
These things have always been the same
So why worry now