quarta-feira, 30 de março de 2016

Meu pedaço de universo é no teu corpo...



Meu pedaço de universo é no teu corpo





Como apresentar Taiguara?





Recorri ao Bachelard, extraindo fragmentos da obra "A Chama de Uma Vela"...

"Assim começa o reino das imagens decisivas, das decisões poéticas. Toda poesia é começo. Propomos designar essas imagens-frases, ricas de uma vontade de expressões novas, pelo nome de sentenças poéticas. O nome de fragmentos, utilizados pelos fragmentistas, prejudica-os. Nada é partido em uma imagem que encontra força em sua condensação.

Como um dicionário de belas sentenças da imaginação dogmática, com uma botânica de todas as plantas-chamas cultivadas pelos poetas, talvez se decifrassem os diálogos do poeta e do mundo. Sem dúvida sempre será difícil organizar um grande número de imagens voluntariamente singulares. Mas ás vezes, o atrativo da leitura basta para aparentar, a propósito de uma imagem singular, dois gêneros diferentes.

É preciso o poema, as flexibilidades do poema, as transmutações poéticas. O hino se apodera do ser das imagens, ele faz de seus objetos, objetos hínicos. É o hino que é o poder sintetizante.

Ainda aqui o poeta deixa ao leitor o cuidado de fazer as frases intercalares, o prazer poético de escrever sentenças poéticas...


Como os poetas de nosso tempo entramos no reino da poesia brusca, uma poesia que não conversa, mas que sempre quer viver em primeiras palavras. Portanto é preciso escutar os poemas como palavras ditas pela primeira vez. A poesia é uma admiração, exatamente ao nível da palavra, na palavra e pela palavra."


                    
                               Agora sim.....




Universo no teu corpo
Taiguara
 
Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
E uma gente que não viva só pra si

Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi

Por uns velhos vãos motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor

E é por isso que eu preciso
De você como eu preciso
Não me deixe um só minuto sem amor

Vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se unem em versos à canção

Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo

São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos

Vem, vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se unem em versos a canção

Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos.

domingo, 27 de março de 2016

Eu solto o ar no fim do dia, perdi a vida . . .


O Patrão Nosso de Cada Dia
Secos e Molhados






"Eu vivo preso
A sua senha
Sou enganado

Eu solto o ar
No fim do dia
Perdi a vida"



 
Eu quero o amor
Da flor de cactus
Ela não quis

Eu dei-lhe a flor
De minha vida
Vivo agitado

Eu já não sei se sei
De tudo ou quase tudo
Eu só sei de mim
De nós
De todo o mundo

Eu vivo preso
A sua senha
Sou enganado

Eu solto o ar
No fim do dia
Perdi a vida

Eu já não sei se sei
De nada ou quase nada

Eu só sei de mim
Só sei de mim
Só sei de mim

Patrão nosso
De cada dia

Dia após dia

quinta-feira, 17 de março de 2016

Pois aquele garoto que ia mudar o mundo, agora assiste a tudo em cima do muro . . .



Ideologia! Eu quero uma pra viver






"Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro
Em cima do muro!"




Ideologia
Cazuza
 
Meu partido
É um coração partido
E as ilusões
Estão todas perdidas
Os meus sonhos
Foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito
Ah! Eu nem acredito

Que aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Frequenta agora
As festas do "Grand Monde"

Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver

O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs
Não tem nenhum rock 'n' roll
Eu vou pagar
A conta do analista
Pra nunca mais
Ter que saber
Quem eu sou
Ah! Saber quem eu sou

Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro
Em cima do muro!

Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Pra viver

Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro
Em cima do muro

Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Pra viver
Ideologia!

Eu quero uma pra viver


quarta-feira, 16 de março de 2016

Tupi*, or not tupi that is the question.


"Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente."









"A alegria é a prova dos nove."








"Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.

Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os colectivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi*, or not tupi that is the question. Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa. 

O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reacção contra o homem vestido. O cinema Americano informará. (...)"



"(...)
Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem. 
Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. 
O stop do pensamento que é dinâmico. 
O indivíduo vítima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. 

E o esquecimento das conquistas interiores. 

Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. 

O instinto Caraíba. Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia. Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo. (...)"



Oswald de Andrade
Manifesto Antropofágico
1928


terça-feira, 15 de março de 2016

No dia em que a música morreu . . .



No dia em que a música morreu . . .






“Eu conheci uma garota que cantava blues
E eu pedi a ela umas boas notícias
Mas ela só deu um sorriso e foi embora
Eu fui à loja sagrada
Onde eu tinha escutado a música anos atrás
Mas o homem lá disse que a música não tocaria

E nas ruas as crianças gritavam
Os amantes choravam e os poetas sonhavam
Mas nenhuma palavra foi dita
Os sinos da igreja estavam todos quebrados
E os três homens que eu mais admirava
O Pai, o Filho e o Espírito Santo
Pegaram o último trem para o litoral
No dia em que a música morreu.”



“Oh, e lá estávamos nós num único lugar
Uma geração perdida no espaço
Sem tempo para recomeçar”



“Bem, eu sei que você está apaixonada por ele
Pois eu vi vocês dançando no ginásio
Vocês dois tiraram os sapatos
Cara, eu entendo o ritmo e o blues

Eu era um adolescente solitário e desajeitado
Com um cravo rosa e uma caminhonete,
Mas eu sabia que estava sem sorte
No dia em que a música morreu”



“Há muito, muito tempo atrás
Eu ainda consigo me lembrar
Como aquela música me fazia sorrir
E sabia que se eu tivesse minha chance
Eu poderia fazer aquelas pessoas dançarem
E, talvez, elas seriam felizes por um momento”





domingo, 13 de março de 2016

Eu, por mim, queria isso e aquilo, um quilo mais daquilo, um grilo menos disso




Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua
Sérgio Sampaio
 




Há quem diga que eu dormi de touca
Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga
Que eu caí do galho e que não vi saída
Que eu morri de medo quando o pau quebrou

Há quem diga que eu não sei de nada
Que eu não sou de nada e não peço desculpas
Que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira
E que Durango Kid quase me pegou



Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar, pra dar e vender

Eu, por mim, queria isso e aquilo
Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso
É disso que eu preciso ou não é nada disso
Eu quero é todo mundo nesse carnaval



Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua

Gingar, pra dar e vender


sábado, 12 de março de 2016

Se importaria se eu fosse sem ser convidado?


Se importaria se eu fosse sem ser convidado?






Eu impliquei com a lua esta semana. Não é mesmo? 
Mas Frank Sinatra me superou e lançou um álbum inteiro em 1966, chamado Moonlight Sinatra. Todas as faixas do álbum estão centradas na lua, e foram organizadas e conduzidas por Nelson Riddle e sua orquestra. O título do álbum é uma referência a Beethoven por sua obra Sonata ao Luar.





Moonlight Serenade 



"I stand at your gate
And the song that I sing is of moonlight
I stand and I wait
For a touch of your hand in a june night
The roses are sign of moonlight serenade

The stars are all aglow
And tonight how their light sets me dreaming
My love, do you know
That your eyes are like stars brightly beaming?

I bring you, and I sing you a moonlight serenade"


(Moonlight Serenade)
Trecho


Moonlight Becomes You

"You're all dressed up to go dreaming
Now don't tell me I'm wrong
And what a night to go dreaming
Mind if I tag along

Moonlight becomes - it goes with your hair
You certainly know the right thing to wear

Moonlight becomes you - I'm thrilled at the sight
And I could get so romantic tonigh"

(Moonlight Becomes You)
Trecho

Aqui quero comentar a expressão "Tag Alone", que denota a ideia de "ir sem ser convidado".





Entre as faixas do disco estão Moonlight Serenade e Moonlight Becomes You. 






sexta-feira, 11 de março de 2016

Lua azul, você sabia porque eu estava lá . . .


Blue Moon




"Lua azul
Você me viu sozinho
Sem um sonho em meu coração
Sem um amor para mim

Lua azul
Você sabia porque eu estava lá
Você me ouviu fazendo uma prece por
Alguém que eu realmente pudesse cuidar"




Hoje trago esta melodia maravilhosa e que passeia sobre ela uma letra marcante. Melodia e letras bastante profundas.

Trago também três interpretações diferentes para a mesma música, uma com uma interpretação jazzística maravilhosa, na voz de Diane Shaw. A segunda é a versão instrumental com solo de sax tenor e a última uma versão bastante animada com interpretação do grupo The Marcels.







Blue Moon

Blue moon
You saw me standing alone
Without a dream in my heart
Without a love of my own

Blue moon
You knew just what I was there for
You heard me saying a prayer for
Someone I realy could care for

And then there suddenly appeared before me
The only one my arms will ever hold
I heard somebody whisper, "please adore me"
And when I looked, the moon had turned to gold

Blue moon
Now I'm lo longer alone
Without a dream in my heart

Without a love of my own










quinta-feira, 10 de março de 2016

Fly Me to the Moon . . .



Fly Me to the Moon




Fly me to the moon
Let me play among the stars
Let me see what spring is like on
Jupiter and Mars

In other words, hold my hand
In other words, baby, kiss me



Fill my heart with song
And let me sing for ever more
You are all I long for
All I worship and adore



In other words, please be true
In other words, I love you

Fill my heart with song
Let me sing for ever more
You are all I long for
All I worship and adore

In other words, please be true
In other words
In other words
I love you


terça-feira, 8 de março de 2016

E você era a princesa que eu fiz coroar e era tão linda de se admirar, que andava nua pelo meu país




João e Maria

Chico Buarque

 


Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês



Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar



E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?