sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Ray Lema, pianista nascido no Kongo

RAY LEMA

Músico, compositor, arranjador, cantor (França/RDC)






Ray Lema nasceu no país Kongo, no oeste da actual República Democrática do Congo. Aos 11 anos, ele entrou no seminário dos Padres Brancos. Ele queria se tornar um sacerdote. O destino decidiu de outra forma. Logo na chegada do seminário, as crianças passaram por testes de aptidão, e rapidamente se percebem as disposições naturais do jovem Lema para a música e um padre belga resolve colocar para estudar o órgão e o piano. Seus estudos no seminário foram portanto acompanhados de cantos gregorianos, Mozart e Chopin.
Ele tinha 14 anos quando o Congo Belga se tornou independente e tornou-se apenas o “Congo” de Patrice Lumumba, e em seguida, o “Zaire” do Mobutu. Ele deixou o seminário e, alguns anos depois , ingressou na Universidade de Kinshasa, onde estudou química.
Os pianos sendo coisa quasi inexistente no Zaïre, ele aprendeu então a tocar guitarra e descobriu os Beatles, Hendrix, Django Reinhard e os Jazzmen americanos. De repente, ele abandona os estudos de química e a univerdidade para integrar como guitarrista, a banda de um cantor famoso de Kinshasa, Gerard Kazembe. Ele, então, descobre as noites quentes de Kinshasa e encontra as grandes estrelas da música congolesa que na época fazia dançar toda a África (Tabu Ley Rochereau, Kabassele …).
Em 1974, Ray Lema foi nomeado Director Musical do Ballet Nacional do Zaïre com a missão de recrutar e dirigir os músicos tradicionais que deviam acompanhar os bailarinos do Ballet Nacional, representando assim a diversidade e riqueza do país. Essa experiência mudou sua vida e sua visão da música para sempre. Ele viajou no país inteiro em todas as direções, da Floresta Equatoria para o Kivu , do Baixo Congo para o Katanga atraversando as regiões do Kasai em busca dos Mestres de música do Congo. Ele descobriu a ciência e a magia das rodas rítmicas tradicionais e se tornou Mestre Tambor.
Em 1979, ao convite da Fundação Rockefeller, ele viajou para os EUA depois de um profundo desacordo com o Presidente Mobutu. Ele só voltou 32 anos depois para o Zaïre, que entre tempo que mudou seu nome para a República Democrática do Congo.
A viagem para os Estados Unidos marca também o início de uma brilliante carreira internacional. Ele finalmente se estabeleceu na França em 1982, onde ele mora desde então.
Interessado por todo tipo de estílo musical e precursor nos gêneros, Ray Lema tornou-se famoso no meio internacional da World Music desde os 80, que descobre então as Músicas Africanas. Ele realiza várias colaborações que enriquecem suas composições e seu universo musical: de Stewart Copeland (ex-baterista do Police) para as Vozes Búlgaras, dos Tyour Gnawa de Essaouira para a Orquestra de Câmara de Sundsvall na Suécia, com o cantor e compositor brasileiro Chico César ou ainda mais recentemente, como solista convidado da Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo no Brasil.
Esta busca incessante do Outro deu para o Ray Lema um perfil totalmente inclassificável. Ele já publicou cerca de vinte discos, todos diferentes uns dos outros, no entanto, marcado por uma linguagem musical muito pessoal, testemunhos dos encontros e do percurso deste viajante-músico e perpétua estudante, así como ele mesmo gosta de se apresentar.
Ele compõe regularmente para o Teatro e Cinema e já recebeu vários prêmios pela sua sua carreira (incluindo um “Django d’Or”).
A educação musical em África continua sendo para ele uma prioridade e, frequentemente, ele organiza oficinas com jovens músicos e produz artistas do seu continente.
No palco Ray Lema se apresenta em concerto de piano solo, em trio ou quinteto afro-jazz (formação de seu último disco, ” VSNP- Very Special New Production” – com Etienne Mbappe, Irving Acao, Nicolas Viccaro e Sylvain Gontard – lançado em janeiro de 2013), ou com a sua big band, a Saka Saka Orchestra, onde o afro-beat flirte com o blues e o rock a moda Kongo e com baladas carinhosas.
Sempre aberto para novos encontros, no Verão de 2013 ele se apresentará no “Festival du Bout du Monde” com a Orquestra Sinfônica da Universidade de Brest, com seu quinteto e um Big Band de metáis no “Festival d’Île de France” no outono, com um novo trio vocal junto ao Fredy Massamba e o Ballou Canta (acompanhados pelo guitarrista brasileiro Rodrigo Viana) para o final de 2013 e, em 2014, com projeto de composições inéditas junto ao quarteto de cordas “Déséquilibre” da cidade francesa de Marseille, dirigido pela violinista Agnes Pyka.




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