terça-feira, 25 de novembro de 2014

"Com lembranças de esperanças e esperanças de lembranças vamos matando a vida..."





"Com lembranças de esperanças
e esperanças de lembranças
vamos matando a vida
e dando vida ao eterno
descuido que do cuidado
do morrer nos esqueçamos...
Foi já outra vez o futuro,
será o passado de novo,
amanhã e ontem mexidos
no hoje ficam-se mortos.

Acordei e estava sonhando,
sonhei que estava desperto,
sonhei que o sonho era vida,
sonhei que a vida era sonho.
Senti que estava pensando,
pensei que sentia, e logo
vi reduzir-se a cinzas
meus pensamentos de fogo.

Se há quem não sente a brasa
embaixo destes conceitos,
é que em sua vida pensou
com seu próprio sentimento;
é que em sua vida sentiu
dentro de sim ao pensamento
. Flores dá o amor ao homem,
flores entre folhas ao vento,
mas também lhe dá diamantes
duros, cortantes e concretos.
Não só o vapor esquenta;
não chameis frio ao seco;
a carne com frequência esfria
e costuma queimar os ossos.
"










Miguel de Unamuno
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Miguel de Unamuno em 1925
Praça de Unamuno, no seu bairro natal de Bilbau

Miguel de Unamuno y Jugo1 (Bilbau, 29 de setembro de 1864 – Salamanca, 31 de dezembro de 1936) foi um ensaísta, romancista, dramaturgo, poeta e filósofo espanhol. Foi também deputado entre 1931 a 1933 pela região de Salamanca. É o principal representante espanhol do existencialismo cristão, sendo conhecido principalmente por sua obra O sentimento trágico da vida, que lhe valeu a condenação do Santo Ofício. Tendo apoiado inicialmente o franquismo, passaria seus últimos dias de vida em prisão domiciliar.







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