terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

amo-te como se amam certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma.


A Dança Soneto de Neruda



"amo-te como
se amam
 certas coisas
obscuras,
secretamente,
entre a sombra

e a alma. "










A Dança/ Soneto XVII

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
 

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta a luz daquelas flores,
 
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
 
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
 

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.




Pablo Neruda






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