M A E S T R I A
A
FORMA MÁXIMA DE PODER
A
nossa sorte está em nossas próprias mãos, como está nas mãos do escultor a
matéria prima que ele converterá em obra de arte. Com essa atividade artística
acontece o mesmo que com todas as outras: simplesmente nascemos com o potencial
de fazê-lo. A habilidade para moldar o material no objeto almejado deve ser
aprendida e cultivada com empenho.
–
JOHANN WOLFGANG VON GOETHE, escritor e pensador alemão
O
homem deve aprender a detectar e a observar os raios de luz que fulguram em sua
mente a partir do âmago, mais que o brilho do firmamento dos bardos e sábios.
Porém, sem perceber, ele desdenha das próprias ideias, apenas por serem suas.
Em toda obra de gênio reconhecemos velhos pensamentos rejeitados; eles retornam
a nós com ar de majestade desprezada.
Se
todos nascemos com cérebros basicamente semelhantes, que apresentam mais ou
menos a mesma configuração e o mesmo potencial para a maestria, por que será que
na história somente muito poucas pessoas parecem de fato se sobressair e
realizar esse potencial? Essa é a pergunta mais importante a ser respondida.
A
explicação corriqueira para a existência de um Mozart ou de um Leonardo da
Vinci gira em torno do talento natural e da inteligência. De que outra maneira
explicar suas proezas notáveis a não ser em termos de algo inato? No entanto,
milhares e milhares de crianças se destacam por habilidades e talentos
excepcionais em alguma área, embora poucas acabem correspondendo às
expectativas no futuro, ao passo que outras, aparentemente menos brilhantes na
juventude, às vezes conseguem muito mais. Talento natural ou QI alto não explicam
as realizações futuras.
Por
natureza, nós, humanos, nos retraímos diante de algo que se revele doloroso ou demasiado
difícil. Levamos essa tendência natural para a prática de qualquer habilidade.
Ao treinarmos alguma habilidade, quase sempre nos dedicamos mais aos aspectos
em que temos mais facilidade e evitamos a todo custo facetas em que somos menos
capazes. Sabendo que, em
nossa prática, podemos baixar a guarda, uma vez que não estamos sendo
observados nem nos sentimos sob pressão, adquirimos o hábito da atenção difusa.
Também costumamos ser muito tradicionais em nossas rotinas. Em geral nos
limitamos ao que todos fazem, praticando os mesmos exercícios convencionais.
Esse
é o caminho dos amadores. Para alcançar a maestria, é preciso adotar o que denominaremos
Prática da Resistência. O princípio é simples: você avança na direção oposta a
todas as tendências naturais quando se trata de praticar. Primeiro, resiste à
tentação de ser agradável consigo mesmo. Torna-se seu crítico mais severo;
enxerga seu trabalho com olhos alheios e reconhece suas fraquezas. Esses são os
aspectos a que dá prioridade em sua prática.
Você
sente uma espécie de prazer doentio em superar o desconforto. Segundo, resiste
à tentação de relaxar o foco. Você se condiciona a se concentrar na prática com
o dobro da intensidade que aplica na vida real, como se fosse a realidade
duplicada. Ao elaborar rotinas, torna-se o mais criativo possível. Inventa
exercícios que trabalham seus pontos fracos.
Assume
prazos rígidos para cumprir certas exigências, forçando-se constantemente a
superar os limites que atribuiu a si mesmo. Dessa maneira, você desenvolve seus
próprios padrões de excelência, em geral mais altos que os de outros.
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