terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Lavagem cerebral - Não é força, é jeito





Lavagem cerebral

Ela é usada por militares, políticos, religiosos e gente querendo sua grana. Saiba como ela funciona e aprenda a blindar sua mente

por Barbara Axt
 
 
Em 1974, Patty Hearst, herdeira de um império de comunicação, morava na Califórnia, cursava faculdade e preparava seu casamento. Até que, numa bela noite, a patricinha foi sequestrada por um grupo paramilitar esquerdista chamado Exército Simbionês de Libertação e dois meses depois reapareceu, armada com um rifle e uniformizada, assaltando um banco ao lado do bando. Durante um ano e meio participou de várias ações, atacando mais dois bancos, roubando lojas e fugindo da polícia. Ninguém entendeu nada: o que transformou aquela garota rica de 19 anos em uma guerrilheira urbana? Quando finalmente foi capturada pela polícia, Patty explicou: tinha sido submetida a uma lavagem cerebral. Foram 57 dias trancada em um armário, sofrendo maus-tratos físicos e psicológicos. Teve gente que duvidou da explicação, achando que se tratava de desculpa esfarrapada. Mas, por outro lado, o que explicaria uma mudança tão radical?

Apesar de não existir consenso sobre até que ponto é possível substituir convicções e comportamentos, não faltam estudos sobre o processo de lavagem cerebral. O termo passou a ser usado no Ocidente durante a Guerra da Coreia (1950-53), para descrever o comportamento de soldados americanos que, após um período capturados, voltavam defendendo os ideais comunistas dos inimigos China e Coreia do Norte. Aparentemente, não era teatro. Os soldados tinham "virado a casaca", exibindo atitudes incompatíveis com as de antes.

Muitos daqueles prisioneiros haviam sofrido torturas físicas que tornaram sua mente vulnerável; com outros, o processo foi menos óbvio e mais sutil, envolvendo a vítima sem que ela se desse conta. Seja qual for a estratégia, é essencial o elemento-surpresa.

Isso porque somos programados para reagir imediatamente a estímulos intensos: quando um ladrão pula na sua frente ou um carro vai em sua direção, o cérebro não perde tempo com análises. O caso nem passa pelo córtex pré-frontal, responsável pelo raciocínio complexo; vai direto para áreas cerebrais menos evoluídas, que decidem rapidamente o que fazer. Ou seja, quem quiser provocar novas crenças e comportamentos em alguém precisa criar situações que exijam reações automáticas, pois nelas o processo consciente é desativado.


Não é força, é jeito
Existem duas maneiras de deixar o sujeito estressado, frágil, cansado e, consequentemente, mais aberto a novas ideias. A primeira é a lavagem cerebral forçada, em que isso é alcançado com tortura, privação de sono e jejum. O segundo método, mais comum, é o induzido, em que a vítima é envolvida em um "intensivão". Pessoas que se dizem manipuladas por igrejas e cultos religiosos descrevem um programa intenso de atividades, palestras, celebrações e tarefas como distribuir panfletos, limpar o chão, fazer comida. Imersa nessa rotina, que geralmente prevê poucas horas de sono, a vítima fica tão cansada que literalmente não tem tempo para pensar sobre o que está acontecendo.

É a mesma técnica, por exemplo, daquele vendedor tagarela que o deixa confuso e faz com que você compre uma coisa de que não precisa, só para se livrar do chato. Em alguns casos, antes de iniciar o processo a pessoa já está fragilizada por alguma outra situação. "O fim de um relacionamento, um divórcio, a morte de alguém querido, até se formar na escola ou mudar de emprego pode tornar uma pessoa vulnerável, uma vez que tira o indivíduo de seu equilíbrio", explica o psicólogo americano Steve Hassan, que passou 5 anos como membro do culto conhecido como Igreja da Unificação, dos seguidores do reverendo Moon - também conhecidos como moonies. Ainda ativa, inclusive no Brasil, a seita ficou famosa justamente por seus métodos de recrutamento e acusações de lavagem cerebral.

"Eu tinha me separado de uma garota e, pouco tempo depois, fui abordado por 3 mulheres. Elas não falaram que eram de uma religião, que acreditavam que o reverendo Moon era o Messias, nada disso. Só falaram que faziam parte de um grupo de amigos espalhado pelo mundo e me convidaram para ir a um jantar grátis", explica Hassan. "A partir daí, foi um processo gradual. Ir lá e conhecer os amigos delas foi um passo. Voltar e jantar, outro passo. Ir a uma palestra, voltar no dia seguinte, mais um passo. Durante esse tempo, eles perguntavam várias coisas bem detalhadas sobre mim, e eu dava, voluntariamente, informações muito pessoais, sem perceber que estava entregando as ferramentas para que me manipulassem." Hoje, Hassan faz palestras de conscientização e presta consultoria a pessoas em situação similar à por que ele passou.

Ele chama a atenção para o fato de que, quando esse processo começa, a vítima não fica sabendo para onde está sendo levada nem quais crenças e comportamentos vai adotar no final. Mas, para que essas novas convicções sejam estabelecidas, entra em ação a segunda arma usada para tirar o córtex pré-frontal do caminho: emoções fortes.


Emoção embutida

"Quando algo provoca uma reação emocional, o cérebro se mobiliza para lidar com ela, destinando poucos recursos a reflexões", explica Kathleen Taylor, neurologista da Universidade Oxford, em seu livro Brainswashing - The Science of Thought Control ("Lavagem Cerebral - A Ciência do Controle Mental", sem tradução para o português). É exatamente nessa hora que a emoção pode ser ligada a uma ideia.

Durante a Guerra Fria, por exemplo, tanto capitalistas quanto comunistas se valiam de uma paranoia intensa e generalizada para vender conceitos vagos, difíceis tanto de definir quanto de contestar - "liberdade," "Estado," "inimigo". São ideias fortes, amplas o suficiente para você associar às emoções que quiser e que forem mais convenientes à manipulação.

Por isso se diz que a ideia é "engatada" à sensação: sempre que aquele assunto vier à tona, a sensação vem a reboque, num processo conhecido como reflexo condicionado. É o que acontece em um culto daqueles bem intensos, em que a pessoa dança, canta, grita, inunda o corpo de endorfina. Inconscientemente, a sensação de bem-estar passa a ser associada àquela religião.

Outro exemplo: um prisioneiro de guerra, depois de enfrentar tortura e jejum, é levado para tomar banho quente e fazer uma refeição enquanto escuta alguém descrevendo as maravilhas da doutrina comunista. Com a repetição do método, ele inconscientemente passará a associar comunismo a bem-estar. Se você se lembrou do filme Laranja Mecânica (1971), clássico do diretor Stanley Kubrick, acertou na mosca.

Na história, o personagem principal é um adolescente ultraviolento que se diverte torturando e estuprando por aí. Após ser preso, ele se oferece para um tratamento experimental que promete torná-lo um ser totalmente desprovido de violência.

O tratamento consiste em submetê-lo a sensações físicas desagradáveis (náuseas muito intensas) e a imagens violentas ao mesmo tempo, forçando seu inconsciente a associar as duas coisas. No final, o personagem passa a sofrer sensações físicas insuportáveis toda vez que tem contato com ideias ou situações violentas. (O irônico efeito colateral é que o jovem também fica condicionado a vomitar quando ouve a 9ª Sinfonia de Beethoven, trilha sonora usada nos filmes da prisão.)

Esse processo não pode ser considerado lavagem cerebral, pois não muda as convicções do indivíduo. Mas é um exemplo extremo de como podemos ser condicionados a fazer relações inconscientes de sensações com ideias.


Sob controle
Conquistado, o "cerebralmente lavado" se torna cada vez mais envolvido e dependente. O psiquiatra americano Robert P. Lifton, professor de universidades como Harvard e Yale, analisou esse processo, que ele chama de Reforma do Pensamento, e descreveu suas principais características (ver quadro Lavagem em 8 Passos). Todas - contatos controlados, jargão específico, dogmas incontestáveis etc. - que buscam criar um antagonismo claro: um mundo dividido entre "nós" e "eles".

Segundo Hassan, a pessoa envolvida com esse tipo de grupo se vê aos poucos dominada por medos paralisantes que chegam ao ponto de impedir que ela questione a situação. "Os cultos de controle da mente passam a seus membros a sensação de que, se eles saírem do grupo, coisas terríveis vão acontecer. Para quem está observando de fora, parece que essas pessoas estão felizes. Acontece que, na verdade, elas são orientadas a sorrir o tempo todo. Não é uma experiência positiva perder seu livre-arbítrio, apagar sua identidade, viver com medo e com culpa."

Vítimas de controle da mente aprendem a reprimir pensamentos "errados", como dúvidas ou críticas ao grupo, e por isso é difícil que elas questionem sua situação. Quando lida com pessoas nesse estado, Steve Hassan costuma agir de forma indireta, perguntando, por exemplo, opiniões a respeito de outro grupo. Ele mesmo só saiu da Igreja da Unificação porque sofreu um acidente e teve que ser internado em um hospital. Seus pais aproveitaram a chance para fazer com que ele (contra sua vontade) conversasse com ex-membros do culto. "Aos poucos fui entendendo que tinha sido enganado", lembra.

Se a história de Hassan parece muito fora da sua realidade, há um exemplo mais próximo de como é possível modificar uma pessoa a ponto de fazê-la agir contra seus instintos e convicções. Kathleen Taylor cita um sistema capaz de "transformar cidadãos - ensinados desde a infância que matar é errado - em agentes capazes de matar": as Forças Armadas. O processo de formação militar segue quase à risca as etapas descritas no modelo de Lifton, empregando rotina exaustiva, pressão psicológica, regras e punições rígidas e, claro, definição de um inimigo. Isso chega ao extremo no treinamento de terroristas islâmicos, à la Al Qaeda, em que os ensinamentos militar e religioso se combinam para formar indivíduos dispostos a dar a vida em nome de uma causa.

Mas não são apenas grupos militares e religiosos que usam essas técnicas. "Alguns cultos de negócios são casos típicos de controle da mente", diz Hassan, se referindo àqueles esquemas com hierarquia em formato de pirâmide em que para crescer é preciso comprar uma série de produtos e convencer outras pessoas a participar. "As pessoas se envolvem achando que vão ficar ricas e muitas vezes acabam perdendo todo seu dinheiro e arruinando a própria família, sem conseguir se desvencilhar."

Para o psicólogo, embora o controle da mente seja geralmente realizado por grupos, ele também pode acontecer de forma individual. Ele compara relacionamentos amorosos abusivos, em que a pessoa, influenciada pelo parceiro, passa a ter atitudes incompatíveis com as anteriores. "Esses relacionamentos podem incluir drogas, agressões físicas e isolamento da família e dos amigos. Às vezes o apaixonado simplesmente desaparece sem dar notícias", diz Hassan.


Mente blindada
Para a escritora Kathleen Taylor, a principal arma para evitar manipulações é, basicamente, "parar e pensar nas coisas". Sem se deixar levar pela afobação, fica fácil resistir tanto ao discurso nacionalista de um político quanto ao papo emocional de um pregador religioso.

Segundo Denise Winn, autora do livro The Manipulated Mind ("A Mente Manipulada", sem versão brasileira), um olhar bem-humorado sobre as coisas é útil para escapar da associação emocional exagerada, peça-chave da lavagem cerebral. "O humor ajuda você a ter perspectiva e sacar quem não tem. Desconfie de líderes, vendedores e experts que não conseguem rir de si próprios", diz a jornalista.

Outro ponto importante é não subestimar a influência que o meio e a autoridade podem ter sobre nós, já medidos em experimentos clássicos de psicologia social. A necessidade de ser aceito em um grupo leva muitas vezes ao "efeito rebanho", identificado na década de 1950 pelo psicólogo americano Solomon Asch e muito antes por quem inventou a expressão "maria-vai-com-as-outras".

Asch fazia uma experiência bem simples: reunia um grupo de pessoas e mostrava a elas um cartão com uma série de linhas de comprimentos bem diferentes. Depois, fazia perguntas óbvias, como pedir que identificassem qual a linha mais longa. Todas as pessoas na sala, menos uma, tinham sido orientadas para escolher a mesma resposta - claramente errada. Surpreendentemente, 1 em cada 3 vítimas da "pegadinha" concordava com o grupo, mesmo sabendo que estava escolhendo a opção incorreta.

Em 1963, o psicólogo Stanley Milgram conduziu um experimento para medir autoridade. Universitários eram instruídos a aplicar choques elétricos cada vez mais fortes em um "voluntário" (na verdade um ator) toda vez que ele errasse a resposta a uma pergunta. O estudante era orientado por um pesquisador (outro ator), que dizia para que ele continuasse, independentemente do "sofrimento" da suposta cobaia - que, claro, estava apenas fingindo levar choques.

Quantas pessoas chegariam ao ponto de aplicar os choques poderosos, correndo o risco de matar o "voluntário"? Cerca de 1 ou 2%, imaginou Milgram. Resultado: dois terços dos estudantes levaram a experiência até o fim, obedecendo às ordens do "pesquisador" - a figura de autoridade prevista no esquema de lavagem cerebral de Lifton. O compromisso (a concordância em participar do experimento) aumentava gradualmente (choques cada vez mais fortes), envolvendo a vítima cada vez mais na situação, e tornando a saída (desistir e mandar o pesquisador para o inferno) cada vez mais difícil.

Outro fator que Kathleen Taylor cita em seu livro é que, quanto mais redes cognitivas o cérebro de uma pessoa tiver - mais associações, ideias, opiniões, informações, experiências -, menos manipulável ela se torna. Desenvolver a criatividade, pensar sobre a vida, questionar o que é escutado e lido, aprender coisas novas, estudar as relações entre assuntos aparentemente não relacionados, tudo isso deixa o cérebro mais resistente a manipulações. Isso não significa apenas resistir a casos extremos de controle da mente mas também enxergar com senso crítico o horário eleitoral, as conversas de bar, as mensagens publicitárias e, por que não, tudo o que sai na mídia.

Claro, isso não significa que você precisa ter um pé atrás com toda opinião que for diferente da sua. Ser persuadido e mudar de ideia não tem problema nenhum. "Nossa vida social está construída sobre o controle psicológico que as pessoas têm sobre as outras. A todo momento influências externas fazem com que mudemos nossa atitude, dos aspectos mais banais aos mais sérios", exemplifica o professor Cesar Ades, pesquisador do assunto na Universidade Católica de Goiânia. "Uma conversa com alguém que admiramos ou que tem autoridade sobre nós pode mudar de verdade nossas crenças."

O importante é saber que nossa mente não está pronta e acabada, mas permanentemente em obras. Entender que somos influenciáveis e que nossa identidade é mutante nos torna mais espertos para avaliar uma tentativa de persuasão - com o córtex pré-frontal, por favor.
Tribos e tribunais
Cada grupo tem sua técnica para recrutar e controlar os membros

Militares
A ideia de que existe um inimigo a ser derrotado (muitas vezes imaginário) e o respeito absoluto às ordens (muitas vezes absurdas) são incutidos em todo recruta desde o primeiro dia de treinamento.

Políticos
Populistas pegam um sentimento disseminado e intenso - "judeus são um vírus na Alemanha", "comunistas comem criancinhas" - para insuflar as massas e conquistar o poder.

Religiosos

O processo começa leve, quase recreativo, e vai aumentando de intensidade. No fim, você está convertido e dependente. Até pensamentos "errados" são passíveis de punição.

Picaretas
Nos "cultos de negócios" você é muito especial e fará parte do plano perfeito: quanto mais você compra, mais você vende e, em pouco tempo, todos estarão ricos. Quando a euforia passa, sobram só as dívidas.

Lavagem em 8 passos
As principais características do controle da mente

Controle de pensamento

Não é permitido ler material ou falar com pessoas que tenham ideias contrárias às do grupo. Em alguns casos, a vítima é geograficamente isolada da família e dos amigos.

Hierarquia rígida

São criados modos uniformizados de agir e pensar, desenvolvidos para parecer espontâneos. A vítima é convencida da autoridade absoluta e do caráter especial - às vezes, sobrenatural - do líder.

Mundo dividido
O mundo é divido entre "bons" (o grupo) e "maus" (todo o resto). Não existe meio-termo. É preciso se policiar para agir de acordo com o padrão de comportamento "ideal".

Delação premiada
Qualquer atitude errada, ainda que cometida em pensamento, deve ser reportada ao líder. Também se deve delatar os erros alheios. Isso acaba com o senso de privacidade e fortalece o líder.

Verdade verdadeira
O grupo explica o mundo com regras próprias, vistas como cientificamente verdadeiras e inquestionáveis. A vítima acredita que sua doutrina é a única que oferece respostas válidas.

Código secreto
O grupo cria termos próprios para se referir à realidade, muitas vezes incompreensíveis para as pessoas de fora. Uma linguagem muito específica ajuda a controlar os pensamentos e as ideias.

Meu mundo e nada mais
O grupo passa a ser a coisa mais importante - se bobear, a única. Nenhum compromisso, plano ou sonho fora daquele ambiente é justificável.

Ninguém Sai
A vítima se sente presa, pois não pode imaginar uma vida completa e feliz fora do grupo. Isso pode ser usado por políticos e militares para justificar execuções.

Para saber mais

Brainswashing - The Science of Thought Control
Kathleen Taylor, Oxford University Press, 2006.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

É melhor ser amado ou ser temido?


 

Segue um trecho do livro "O Príncipe de Maquiavel", 
retirado do capítulo XVII - "Da crueldade e da clemência, 
e se é  melhor ser amado ou temido."



Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. E perde-se aquele príncipe que por ter acreditado as suas palavras se encontra nu de qualquer outra defesa; porque as amizades que se adquirem a preço e não por grandeza ou nobreza de alma, compram-se, mas não se possuem e no momento oportuno não se podem empregar. Os homens têm menor escrúpulo em ofender um que se faz amar, do que um que se faz temer, porque o amor está unido com o vínculo da obrigação o qual, por os homens serem maus, se parte na primeira ocasião em que surja o interesse, mas o temor é sustentado pelo medo do castigo o qual nunca se perde. Deve, todavia, o príncipe fazer-se temer de modo que, se não adquire amizade, evite ser odiado, porque pode muito bem ser ao mesmo tempo temido e não odiado; o que sempre conseguirá desde que respeite os bens dos seus concidadãos e dos seus súbditos e a honra das suas mulheres; e quando se veja obrigado a proceder contra o sangue dalgum, não o fará sem justificação conveniente e causa manifesta; mas sobretudo não tocar na propriedade alheia, porque os homens esquecem mais depressa a morte do pai que a perda do património. E depois, não faltam nunca motivos para apoderar-se do alheio e sempre aquele que começa a viver da rapina encontra razões para apoderar-se do que é dos outros, ao passo que as ocasiões de fazer correr sangue são mais raras e faltam mais amiúde.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O Grande Desafio



O Grande Desafio 
2007

Título original
The Great Debaters



Sinopse e detalhes


Melvin Thompson (Denzel Washington) é um brilhante professor e amante das palavras. Embora tenha convicções políticas que possam atrapalhar sua carreira, ele decide apostar nos seus alunos para formar um grupo de debatedores e colocar a pequena Wiley College, do Texas, no circuito dos campeonatos entre as universidades. Mas o seu maior objetivo é enfrentar a tradição de Harvard diante de uma enorme platéia. Inspirado em fatos reais.
(texto extraído do site: http://www.adorocinema.com)

Curiosidades sobre O Grande Desafio

- O filme foi inspirado no artigo "The Great Debaters" escrito pelo freelancer Tony Scherman para a edição de primavera da revista American Legacy;

- É a segunda experiência do ator Denzel Washington na direção. O primeiro foi Voltando a Viver - Antwone Fisher;

- É a segunda vez que o ator Denzel Whitaker (James Farmer Jr.) trabalha com Denzel Washington. A outra foi em Dia de Treinamento;

- Apesar da coincidência dos nomes, ele não é parente nem de Washington e nem de Forest Whitaker, que interpreta seu pai no filme;

- O diploma pendurado na parede do Dr. James Farmer é um exemplar autêntico;

- Este filme foi o primeiro, desde 1979, a receber autorização para filmar dentro da tradicional Universidade de Harvard;

- Apesar de Harvard ser o principal oponente da turma de Wiley no filme, na vida real, em 1935, eles enfrentaram a USC. O diretor disse que optou por fazer esta licença artística devido a excelente reputação da instituição;

- Em dezembro de 2007, Denzel Washington doou para o Wiley College a quantia de US$ 1 milhão para que eles restabelecessem a equipe de debates;

- Durante o primeiro debate existe um deslize no roteiro quando o personagem Samantha cita a I Guerra Mundial, sendo que na época o trágico evento era conhecido apenas como Grande Guerra.


sábado, 15 de fevereiro de 2014

O mordomo da Casa Branca



O Mordomo da Casa Branca

(The Butler, 2013)

 





1926, Macon, Estados Unidos. O jovem Eugene Allen vê seu pai ser morto sem piedade por Thomas Westfall (Alex Pettyfer), após estuprar a mãe do garoto. Percebendo o desespero do jovem e a gravidade do ato do filho, Annabeth Westfall (Vanessa Redgrave) decide transformá-lo em um criado de casa, ensinando-lhe boas maneiras e como servir os convidados.  Eugene (Forest Whitaker) cresce e passa a trabalhar em um hotel ao deixar a fazenda onde cresceu. Sua vida dá uma grande guinada quando tem a oportunidade de trabalhar na Casa Branca, servindo o presidente do país, políticos e convidados que vão ao local. Entretanto, as exigências do trabalho causam problemas com Gloria (Oprah Winfrey), a esposa de Eugene, e também com seu filho Louis (David Oyelowo), que não aceita a passividade do pai diante dos maus tratos recebidos pelos negros nos Estados Unidos.




sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O mundo é pequeno, o tempo é invenção...

 

Velhos Amigos

Oswaldo Montenegro

 



Velhos amigos vão sempre se encontrar
Seja onde for, seja em qualquer lugar
O mundo é pequeno, o tempo é invenção
Que o amor desfaz na tua mão
Nada passou, nada ficará
Nada se perde, nada vai se achar
Põe nosso nome na planta do jardim
Vivo em você e você dorme em mim
E quando eu olho pro imenso azul do mar
Ouço teu riso e penso: onde é que está?
A nossa planta o vento não desfez
É nunca mais, mas é mais uma vez



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Que manso imitando uma boiada, você vai boca fechada pro curral sem merecer




Eu Quero Ser Feliz Agora

Oswaldo Montenegro

 

 

Se alguém disser pra você não cantar
Deixar teu sonho ali pr'uma outra hora
Que a segurança exige medo
Que quem tem medo Deus adora
Se alguém disser pra você não dançar
Que nessa festa você tá de fora
Que você volte pro rebanho.
Não acredite, grite, sem demora...
Eu quero ser feliz Agora (2x)
Se alguém vier com papo perigoso de dizer que é preciso paciência pra viver.
Que andando ali quieto
Comportado, limitado
Só coitado, você não vai se perder
Que manso imitando uma boiada, você vai boca fechada pro curral sem merecer
Que Deus só manda ajuda a quem se ferra, e quando o guarda-chuva emperra certamente vai chover.
Se joga na primeira ousadia, que tá pra nascer o dia do futuro que te adora.
E bota o microfone na lapela, olha pra vida e diz pra ela...
Eu quero ser feliz agora
Se alguém disser pra você não cantar
Deixar teu sonho ali pr'uma outra hora
Que a segurança exige medo
E que quem tem medo deus adora
Se alguém disser pra você não dançar
E que nessa festa você tá de fora
Que volte pro rebanho.
Não acredite, grite, sem demora...
Eu quero ser feliz Agora 


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Se diz cético, mas acredita na ciência com muita fé...




Se diz cético, mas acredita na ciência com muita fé...

Hoje eu vou partir do ponto de vista pessoal. Eu tenho visto cada vez mais se acalorar a discussão entre fé e ciência. E trago este tema porque tenho uma opinião e gostaria de compartilhá-la.

Vejo muitas pessoas afirmando que sabem como foi feito o céu e a terra, como foi feito o homem, os mares, ou seja, absolutamente tudo.

Vejo ainda que afirmam que "Deus" sabe exatamente quantos fios de cabelo tem na minha cabeça.

Muitos afirmam ainda que estão maravilhados porque os cientistas estão chegando cada vez mais perto de descobrir como foi que se formou o universo, teorias de uma grande explosão.

Mas será que é possível mesmo acreditar em tudo assim  sem necessitar filtrar?

Eu respeito muito as religiões e a ciência. Mas veja, são coisas distintas. Uma é baseada na filosofia e a outra é baseada em experimentos e estudos. Enquanto a filosofia acredita em algo sem contestar, o cientista continua suas pesquisas, coletando dados e buscando novas verdades do próprio trabalho.

O grande problema, é que a ciência também é feita por homens e existem pessoas bem e mal intencionadas em todo lugar.

Vou deixar como exemplo a soja. O número de produtos com soja se diversificou muito e só temos notícias na grande mídia que tratam a soja como milagrosa e cheia de benefícios. Mas será que é bem assim?

Existem o que chamam de má ciência, ou seja,  um cientista é um ser humano, passível de erros e das diversas imperfeições humanas, além de também cometer erros, o cientista pode ser surpreendido por subornos por exemplo.

Em outro post meu eu falei sobre a opinião de um indivíduo, em que ele tem um pensamento, uma opinião mas não encara como apenas um ponto de vista e sim como uma verdade absoluta.

Na contrapartida dos cientistas, existem vários líderes religiosos que na sua pregação falam com experiência e sabedoria, levando conhecimento de vida, obtido muitas vezes através do empirismo, mas que são muito interessantes e leva ajuda e conforto para milhares de pessoas.

Portanto, precisamos ter discernimento e filtrar todas as informações.

Gosto muito do agnosticismo, que é quando questionamos tudo e não encaramos nada como verdade absoluta, estamos sempre em busca de novos conhecimentos.


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Para a inteligência, inventar vacinas e inventar armas são a mesma coisa...


Eu hoje vi um texto que fala sobre a inteligência, a sabedoria, o bem e o mal.

E me lembrei também da música Viola enluarada, quando ela diz: "A mão que toca um violão, se for preciso faz a guerra..."



Segue um trechinho da crônica de Rubem Alves e logo abaixo o vídeo da música.

"Um gênio da lâmpada faz o que seu mestre manda,
O Místico lhe dirá que deseja ver Deus. O Gênio, sem discutir o levará ao Paraíso. O bandido dirá que deseja  roubar o tesouro de Ali Babá. O Gênio, sem discutir,o levará até a gruta onde o tesouro está escondido.
A inteligência é assim. Ela não faz discriminações, é um poder que desconhece o que é  o bem e o que é o mal. Para ela, inventar vacinas e inventar armas são a mesma coisa
Para distinguir o bem do mal, a inteligência teria que ser serva da sabedoria."



quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

"(...) solidão e desespero das pessoas excluídas da sociedade japonesa..."




Yutaka Ozaki (尾崎 Ozaki Yutaka)






"Ele fala das noites de solidão e desespero das pessoas excluídas da sociedade japonesa, que vão desde o alcoólismo, desemprego, aos solitários. Este álbum é mais "rock" do que os dois anteriores com uma obra musical enorme sobre as melodias."

"Havia canções que falavam sobre rebeliões e a perda de liberdade da juventude japonesa, assim como letras que descreviam a moralidade da sociedade japonesa como uma doença. Em outra canção do seventeen's map, Yutaka atacou a sociedade pelo fato que meninas que haviam perdido suas ambições na vida agora estavam vendedo seus corpos. Um fato que ocorre no Japão até hoje e ainda é um tabu. Ao mesmo tempo, outras músicas do seu álbum são relembradas até hoje por causa de suas emoções e melancolia"

"Em 1984, Yutaka começou a escrever as letras e as músicas para seu segundo álbum, já que era algo muito importante para ele. No meio do ano letivo ele abandonou a escola, apesar do fato que no final do ano ele teria que ter feito seus exames finais. Para completar, o músico realizou um dos seus primeiros shows no dia que ele estaria recebendo seu boletim escolar. Depois dessa rebelião contra o sistema escolar japonês, ele começou uma turnê ainda maior, que viajou por 6 grandes metrópoles japonesas, começando em Sapporo."

"No dia 25 de abril, Yutaka morreu de edema pulmonar, causado diretamente por causa de seu consumo de álcool e drogas. Através de sua morte prematura ele se tornou uma lenda, por causa das rebeliões e romantismo simultâneo em suas canções. Ele se tornou um ídolo e mito para a juventude japonesa.

Cinco dias após sua morte, apesar da sua chuva, mais de 55,000 fãs apareceram para dar sua última benção à ele no templo Bunkyo KU. Alguns fãs ficaram tão abatidos com sua morte que se suicidaram, para ficar junto de seu ídolo. Seu pai ordenou uma investigação completa da sua morte e foi apoiado por um abaixo assinado, no qual mais de 300,000 fãs assinaram."