quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Porque não vejo, engano com palavras o desejo.




"Se porventura 
vivo descontente
por fraqueza 
de espírito, 
padecendo
a doce pena que 
entender não sei,
fujo de mim 
e acolho-me, 
correndo,
à vossa vista; 
e fico tão contente
que zombo dos 
tormentos 
que passei.


Luís Vaz de Camões


Canção I



Fermosa e gentil Dama, quando vejo
a testa de ouro e neve, o lindo aspeito,
a boca graciosa, o riso honesto,
o marmóreo colo e branco peito,
de meu não quero mais que meu desejo,
nem mais de vos que ver tão lindo gesto.
Ali me manifesto
por vosso a Deus e ao mundo; ali me inflamo
nas lágrimas que choro;
e de mim, que vos amo,
em ver que soube amar-vos, me namoro;
e fico por mim só perdido, de arte
que hei ciúmes de mim por vossa parte.

Se porventura vivo descontente
por fraqueza de espírito, padecendo
a doce pena que entender não sei,
fujo de mim e acolho-me, correndo,
à vossa vista; e fico tão contente
que zombo dos tormentos que passei.
De quem me queixarei
se vós me dais a vida deste jeito
nos males que padeço,
senão de meu sujeito,
que não cabe com bem de tanto preço?
Mas ainda isso de mim cuidar não posso,
de estar muito soberbo com ser vosso.

Se, por algum acerto, Amor vos erra,
por parte do desejo cometendo
algum nefando e torpe desatino;
se ainda mais que ver, enfim, pretendo;
fraquezas são do corpo, que é de terra,
mas não do pensamento, que é divino.
Se tão alto imagino
que de vista me perco – peco nisto –,

desculpa-me o que vejo;
que se, enfim, resisto
contra tão atrevido e vão desejo,
faço-me forte em vossa vista pura,
e armo-me de vossa fermosura.

Das delicadas sobrancelhas pretas
os arcos, com que fere, Amor tomou,
e fez a linda corda dos cabelos;
e, porque de vós tudo lhe quadrou,
dos raios desses olhos fez as setas
com que fere quem alça os seus, a vê-los.
Olhos, que são tão belos,
dão armas de vantagem ao Amor,
com que as almas destrui;
porém, se é grande a dor,
co a alteza do mal a restitui;
e as armas com que mata são de sorte
que ainda lhe ficais devendo a morte.

Lágrimas e suspiros, pensamentos,
quem deles se queixar, fermosa Dama,
mimoso está do mal que por vós sente.
Que maior bem deseja quem vos ama
que estar desabafando seus tormentos,
chorando, imaginando docemente?
Quem vive descontente
não há-de dar alívio a seu desgosto,
por que se lhe agradeça;
mas com alegre rosto
sofra seus males, para que os mereça;
que quem do mal se queixa, que padece,
fá-lo porque esta glória não conhece.

De modo que, se cai o pensamento
em algüa fraqueza, de contente
é porque este segredo não conheço:
assi que com razões, não tão-somente
desculpo ao Amor de meu tormento,
mas ainda a culpa sua lhe agradeço.
Por esta fé mereço
a graça, que esses olhos acompanha,
o bem do doce riso;
mas porém não se ganha
cum paraíso outro paraíso.
E assi, de enleada, a esperança
se satisfaz co bem que não alcança.

Se com razões escuso meu remédio,
sabe, Canção, que, porque não vejo,
engano com palavras o desejo.
 
 
Obs: Material extraído do site Jornal da Poesia.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

"Com lembranças de esperanças e esperanças de lembranças vamos matando a vida..."





"Com lembranças de esperanças
e esperanças de lembranças
vamos matando a vida
e dando vida ao eterno
descuido que do cuidado
do morrer nos esqueçamos...
Foi já outra vez o futuro,
será o passado de novo,
amanhã e ontem mexidos
no hoje ficam-se mortos.

Acordei e estava sonhando,
sonhei que estava desperto,
sonhei que o sonho era vida,
sonhei que a vida era sonho.
Senti que estava pensando,
pensei que sentia, e logo
vi reduzir-se a cinzas
meus pensamentos de fogo.

Se há quem não sente a brasa
embaixo destes conceitos,
é que em sua vida pensou
com seu próprio sentimento;
é que em sua vida sentiu
dentro de sim ao pensamento
. Flores dá o amor ao homem,
flores entre folhas ao vento,
mas também lhe dá diamantes
duros, cortantes e concretos.
Não só o vapor esquenta;
não chameis frio ao seco;
a carne com frequência esfria
e costuma queimar os ossos.
"










Miguel de Unamuno
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Miguel de Unamuno em 1925
Praça de Unamuno, no seu bairro natal de Bilbau

Miguel de Unamuno y Jugo1 (Bilbau, 29 de setembro de 1864 – Salamanca, 31 de dezembro de 1936) foi um ensaísta, romancista, dramaturgo, poeta e filósofo espanhol. Foi também deputado entre 1931 a 1933 pela região de Salamanca. É o principal representante espanhol do existencialismo cristão, sendo conhecido principalmente por sua obra O sentimento trágico da vida, que lhe valeu a condenação do Santo Ofício. Tendo apoiado inicialmente o franquismo, passaria seus últimos dias de vida em prisão domiciliar.







sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Sentem ódio porque combatemos a fome?

Sentem ódio porque combatemos a fome?







     Depois dos argumentos de alguns paulistas sobre o posicionamento político e o voto dos nordestinos eu resolvi manifestar algumas considerações.

     Primeiro eu quero falar sobre as críticas ao assistencialismo. Notamos que durante muito tempo o país assistiu chocado ao que era exibido pelos jornais televisivos, onde pessoas e animais eram vistos em uma situação tão deplorável, sofrendo com a fome, com a seca e com uma miséria que os deixavam cadavéricos.
     E sentados inertes em suas poltronas a população se indignava e esbravejando acusavam os políticos de incompetência, de más intenções e de falta de sensibilidade. E assim gritavam: “ninguém vai fazer nada?”. E o grito continuava afirmativo: “Alguém precisa fazer alguma coisa!”. Exatamente assim, ninguém faz nada, que alguém faça. Sim, alguém, mas não eu.
Começou então uma campanha através da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, por iniciativa do Sociólogo Betinho.  
     Agora pasmem o mesmo cidadão inerte sentado no seu sofá, ao saber que finalmente viu esse tal alguém, que não fosse ele, tomando a responsabilidade para si e iniciando uma campanha fazendo aquela tal alguma coisa que a população indignou-se tanto por não ter sido feita, esse mesmo cidadão que passivo esbravejava resolveu tecer suas considerações.
     E então, você deve achar que Betinho foi aclamado por estas pessoas, correto? Não, foi apontado como um assistencialista, porque a tal alguma coisa era um projeto para ensinar a pescar e não para dar o peixe. Puxa, recorreram ao lugar comum para apontar para esse tal alguém que fez a tal alguma coisa. Betinho por sua vez, após transformar-se naquele tal “alguém” que fez a tal “alguma coisa” ainda se defendeu por ter levado o “peixe” e não ter ensinado a pescar e disse naquela época: “quem tem fome tem pressa”.
     Então chega ao poder o Presidente Luís Inácio Lula da Silva e começa a maior transformação da política brasileira, um presidente que iria olhar para os pobres, para os miseráveis, para os famintos e para as vítimas da seca. E olhar é uma maneira muito simplista de falar, ele não só trabalhou para acabar com os problemas básicos, mas também começou um investimento jamais visto para que todos os atingidos pelos problemas sociais do Brasil tivessem oportunidades reais, e além de cursos técnicos e profissionalizantes, muitos poderiam inclusive ingressar em uma universidade. Aí eu pergunto o porque de tanto ódio nas falas das pessoas, se foi dado um passo inicial que caminha na direção da solução dos problemas. O discurso de ódio deve ter uma motivação e por isso fui buscar na literatura alguma explicação e encontrei na obra “Inveja – o mal secreto” de Zuenir Ventura alguns pontos muito interessantes que podem nos ajudar neste raciocínio. Então pelo fato da população receber uma renda, um auxílio que seja mais do que as sobras e excedentes dos mais favorecidos, pelos pobres receberem não mais os restos dos privilegiados, isso pode ter despertado um pouco deste sentimento mal compreendido chamado inveja. Segundo Zuenir, a emergente Vera Loyola deu as melhores declarações para o livro, uma delas foi: "O verdadeiro amigo não é aquele que é solidário com sua desgraça, mas aquele que suporta o seu sucesso. É exatamente isso”. Na apresentação do livro, a síntese deste pecado é descrita da seguinte forma: “'Mal secreto' mistura aventura e revelações, como num jogo tecido pela própria inveja onde o mais importante não é o que se ganha, mas o que o outro perde.”.
     Outro dia eu estava no carro de um amigo e ele fazia um discurso bastante prolixo enquanto dirigia. Dizia ele da vergonha de morar no “país do bolsa família”, que se sentia ultrajado, porque é um país de vagabundos e que com certeza não se pode dar o peixe, que é necessário ensinar a pescar. Completou ainda maldizendo o que ele definiu como “essa gente que fica com peninha, querendo parecer bonzinho”. Acredito que ele se referia aos sociólogos, assistentes sociais e outros profissionais em áreas correlatas. Logo à frente paramos no semáforo e vi que ele abriu o vidro do carro e estendeu a mão para entregar algumas moedas para um garotinho que não deveria ter mais do que 7 anos. Puxa, ele nem tem consciência do que é a miséria, nem consciência da importância dos programas sociais e muito menos de que o seu ato é considerado um incentivo a miséria. Muito pior do que dar o peixe eu diria, pois nem pode ser considerado ajuda ou assistencialismo.
     Em relação ao voto, nós vemos que o nordestino talvez seja o povo que melhor sabe escolher seus candidatos. Se a regra é votar por quem faz algo muito bom para o povo ou apostar em uma renovação e eleger quem deverá fazê-lo, então eles escolhem muito bem. Ao contrário do sudeste, onde o governo é ineficiente em muitas áreas, inclusive com as mais significativas como segurança, saúde, transporte (vejam nosso metrô) e com a educação. E a população continua reelegendo os mesmos, enquanto o nordeste se posiciona na mudança política, a Bahia elege novos governantes quebrando com a chamada política do coronelismo. E São Paulo apoia um governo inexpressivo, o governo do “arroz com feijão” e que só coloca chuchu na mistura. E quem sabe votar afinal?
     De acordo com o site do programa Fome Zero, no Brasil em 2003 existiam 44 milhões de pessoas ameaçadas pela fome. Hoje a ONU reconhece que o combate a fome no Brasil atingiu índices expressivos, mas, ainda não temos que comemorar, porque por mais eficiente que o programa tenha sido, estima-se que 14 milhões de brasileiros ainda sofram com a fome. Por isso fico chocado quando tentam distorcer o programa bolsa família, porque não podemos combater um programa que ainda não atingiu seu objetivo final e na sua totalidade, muito pelo contrário, deveríamos todos colaborar para que ninguém sofra mais com a fome, nem os nossos 14 milhões de brasileiros, nem os estimados 1 bilhão de pessoas em todo o mundo.
     Por isso, pensem se o ódio que sentem e a crítica que faz não é sintoma de uma inveja. O autor Zuenir Ventura, através das pesquisas para escrever o livro “Inveja – o mal secreto”, esclarece alguns conceitos para nos ajudar a entender o significado deste pecado e o distingue  de outros sentimentos.

"Ciúme é querer manter o que se tem;
cobiça é querer o que não se tem;
 inveja é querer que o outro não tenha."

Boa reflexão!

Eu sempre deixo um vídeo e hoje vou deixar um poema do  Maçambira, declamado pelo Saulo Laranjeira. 


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Por que se preocupa?





POR QUE SE PREOCUPA?


Deveria haver risos após a dor,
Deveria haver a luz do sol após a chuva,
Essas coisas sempre foram as mesmas,
Então por que se preocupar agora?





Eu me lembro bem daqueles dias em que ouvi esta música. Era década de 90 e eu estava deitado no sofá ouvindo rádio. Esta música começou e eu corri colocar uma fita K7 e apertar o botão para gravar. Foi um tempo bom, eu deveria ter meus 13 ou 14 anos, mas foi um momento em que eu era transferido de escola e estava um pouco chateado. Depois eu comprei o CD do Dire Straits chamado Brothers In Arms. 

Uma música marca um momento e então ela passa a representar muito mais ainda pelas figuras de pensamento que ela constrói.


Como de costume, vou deixar o vídeo e a letra abaixo.





 

 

Why Worry

Baby I see this world has made you sad
Some people can be bad
The things they do, the things they say
But baby I'll wipe away those bitter tears
I'll chase away those restless fears
That turn your blue skies into grey

Why worry, there should be laughter after pain
There should be sunshine after rain
These things have always been the same
So why worry now

Baby when I get down I turn to you
And you make sense of what I do
I know it isn't hard to say
But baby just when this world seems mean and cold
Our love comes shining red and gold
And all the rest is by the way

Why worry, there should be laughter after pain
There should be sunshine after rain
These things have always been the same
So why worry now

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

E o mais terrível é não ter saída, o céu me dá claustrofobia.





 "O que eu quero é viver de novo o passado que vivi, 
com muito mais intensidade, 
sem os sentimentos de culpa com que minha religião aprisionou o meu corpo, 
as minhas idéias e os meus sentimentos… 
Tenho tristeza pelos pecados que não cometi… 
Eram pecados tão inocentes… 
Estou até desconfiado de que Deus está me castigando, 
ele está me castigando porque eu não pequei 
o tanto que ele queria que eu pecasse."
Rubem Alves

Cria-se uma aura sobre alguns líderes religiosos e se  você criticá-los será automaticamente julgado por seus seguidores. Estes, preferem ver morto quem os alerta ao desmascarar aos que lhes enganam.

Segue abaixo alguns trechos do livro "do universo à jabuticaba" do mestre Rubem Alves. E as fotos foram tiradas no Teatro Oficina durante a apresentação da peça "Walmor e Cacilda 64 - O Robogolpe".

Reflexões profundas e uma forma de enxergar as coisas muito especial, como só o Rubem Alves foi capaz.


 

"Meu pecado foi pecar com timidez… 
Tive medo de gozar a vida…
 Assim, quando são poucas as jabuticabas na minha tigela, 
rezo o meu Pai-Nosso herético – ou erótico: 
O prazer nosso de cada dia dá-nos hoje…"


  
"O futuro não me interessa.
 Eu nunca o vivi, por isso não posso amá-lo. 
 Não quero ir para o céu: o tempo infinito deve ser um tédio insuportável. 
E o mais terrível é não ter saída. O céu me dá claustrofobia."






 MERETRIZES

"Foi Jesus que disse aos fariseus, 
 religiosos que viviam citando Escrituras e tentando converter os outros,
 que as meretrizes entrariam no Reino dos Céus antes deles. E notem: Jesus não disse: meretrizes arrependidas. Entram as meretrizes mesmo e, atrás delas entram também os fariseus hipócritas e tudo o mais que Deus criou. Um Deus que é todo amor não pode ter no seu universo uma câmara de torturas eternas em que as almas sofrem por pecados cometidos no tempo.
Vejo as pessoas religiosas fechar os olhos para orar. 
Elas creem que, para se ver Deus é preciso não ver o mundo. 
Mas Deus se revela precisamente na alegria de ver. 
O Paraíso é uma dádiva de Deus  aos olhos dos homens. 
O Paraíso é o rosto visível de Deus."



Loucura e Religião

"Disse Riobaldo e eu digo "amém". "Todo mundo é louco. O senhor, eu, nós, as pessoas todas. Por isso que se carece principalmente da religião: para desendoidecer, desdoidar.(...)"."



REENCARNAÇÃO

"Uma amiga querida, ex-aluna, kardecista, me disse com um tom carinhoso que eu ficaria melhor se abandonasse a minha incredulidade e acreditasse na reencarnação. Com a reencarnação tudo se explicaria.  O universo é lógico, tudo se encaixa, parece bordado, a gente vê o lado avesso, mas tem o direito que a gente não vê, tudo que parece ser desarmonia do lado de cá é harmonia do lado de lá. A certeza disso apazigua a alma. A gente sofre com resignação. O final feliz está sempre garantido.
Aí tive de esclarecer o equívoco sobre a minha religião.
“Pois saiba você que eu acredito muito na reencarnação. Faz muito tempo anunciei a minha conversão num artigo de nome esquisito: ‘oãçanracneeR’. Reencarnação ao contrário: não de trás para adiante, de diante para trás. O futuro não me interessa. Eu nunca o vivi, por isso não posso amá-lo. Não quero ir para o céu: o tempo infinito deve ser um tédio insuportável. E o mais terrível é não ter saída. O céu me dá claustrofobia. Além do que não quero evoluir. Muitas coisas não podem e não devem evoluir.: canto de sabiá, vermelho do sol poente, cheiro de café fresquinho, os poemas de Cecília Meireles, ipês floridos, a sonata Appassionata de Beethoven, uma jabuticaba madura…”
O que seria uma jabuticaba evoluída? Uma jabuticaba cúbica? Uma jabuticabeira florida e perfumada e, depois, coberta de esferas negras brilhantes e túrgidas, aquele “toc” que a jabuticaba faz quando a gente morde – esse objeto é perfeito, divino, sem passado e sem futuro, presente puro destinado à eternidade. Não posso imaginar que alguma evolução lhe possa ser acrescentada.
O que eu quero não é evoluir. O que eu quero é viver dee novo o passado que vivi, com muito mais intensidade, sem os sentimentos de culpa com que minha religião aprisionou o meu corpo, as minhas idéias e os meus sentimentos… Tenho tristeza pelos pecados que não cometi… Eram pecados tão inocentes… Estou até desconfiado de que Deus está me castigando, ele está me castigando porque eu não pequei o tanto que ele queria que eu pecasse. Tentei ser mais espiritual que o próprio Deus e ele ficou bravo comigo… Não acreditei na advertência de Lutero, escrevendo a Melanchton: “Deus não salva falsos pecadores. Seja um pecador e peque fortemente, mas creia e se alegre em Cristo mais fortemente ainda…” Meu pecado foi pecar com timidez… Tive medo de gozar a vida… Assim, quando são poucas as jabuticabas na minha tigela, rezo o meu Pai-Nosso herético – ou erótico: “O prazer nosso de cada dia dá-nos hoje…”." 

 (in ALVES, Rubem – Do universo à jabuticaba – Planeta- 2010 p. 136/137)




E por fim a obra citada na crônica sobre a reencarnação, a Sonata Appassionata de Bethoven.




quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Nas montanhas eu encontro a paz.


Será que mais alguém concorda comigo em relação a isso?






Sempre tive um fascínio pelas montanhas e suas paisagens maravilhosas.

Lembro que ainda criança, eu ficava em um chalé nas férias e todos os dias fazia o mesmo passeio a cavalo até um local que avistava um vale e ali eu admirava aquela paisagem maravilhado.

Ainda hoje  sou um apaixonado pelo campo, pelas montanhas. Lugares perfeitos para descansar, para se encontrar com si mesmo, para se encontrar com a paz.




Lá em cima tem um silêncio e uma temperatura sempre amena onde a imaginação e a lembrança sempre me agradam.

E para curtir eu sempre prezo por uma boa companhia e a minha receita de sempre: charuto, música, fondue, chocolate quente e um bom livro.




segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Promessas eleitorais podem ser levadas a sério?

 

Promessas eleitorais podem ser levadas a sério?




Vamos falar de política aqui na nossa sala de visitas virtual.



Chegou o ano de eleição e todos nós estamos cansados. Muito clichê e muito lugar comum nas propostas e falas dos nossos candidatos. Apesar de existir um intervalo de dois anos a cada processo eleitoral, a fórmula não muda. Parece que não existem avanços para o marketing  político e eleitoral.

E o eleitorado me parece pior que os candidatos. A população vive dizendo que quer mudança e continua elegendo os mesmos. Quando resolve renovar elegem um palhaço para Deputado Federal.

Esta crise não vai ser resolvida com uma reforma política, pelo menos não aqui no Brasil. O que vai resolver o nosso problema político é uma reforma na educação. E este processo irá demorar muito para se consolidar. Se iniciar uma reforma educacional hoje, demoraríamos muitos anos até que os resultados no sistema educacional fossem efetivos. E a partir de então, com a nova formação dos nossos cidadãos, aí sim, esperar daquela outra geração que quando atingir a idade adulta assuma uma nova postura frente as urnas. E não somente nas urnas, porque cidadãos melhores, constroem automaticamente um país melhor, uma realidade melhor a todo instante. Como todos já sabemos, é um processo muito demorado.


   "Mas promessas eleitorais podem ser levadas a sério? Promessas lançadas pelos candidatos em um verdadeiro duelo promovido pela grande mídia e pelo calor da disputa."

 

Eu creio na política e não posso trabalhar com o ideal, utópico ou imaginário. E trabalhar com a realidade é consolidar uma escolha dentro do cenário possível de transformação social.

E como fazer uma escolha correta? Não por um ou outro candidato, nem tampouco por um nome isoladamente. Eu creio na escolha pelo programa do partido e pelo programa de governo.

Infelizmente a população não sabe o que isso representa, muitos nunca leram ou discutiram uma tese para uma disputa partidária.

Então, a disputa eleitoral começa e ninguém sabe exatamente o que  exigir para eleger uma escolha. E a população não entende porque depois de eleitos não cumprem as promessas eleitorais. Mas promessas eleitorais podem ser levadas a sério? Promessas lançadas pelos candidatos em um verdadeiro duelo promovido pela grande mídia e pelo calor da disputa.

Quando a grande mídia utiliza manchetes de forma tendenciosa, os candidatos precisam acompanhar o ritmo por uma questão de sobrevivência no período eleitoral. E as campanhas se tornam agressivas e até mesmo desleais. O programa de governo por melhor que seja fica em segundo plano.

E a população se isenta de todas as culpas e não entende que por estar suscetível as opiniões da grande mídia, se torna a principal responsável por tudo o que temos visto de ruim no cenário político brasileiro.

E por fim, você já analisou os programas e propostas dos partidos a fundo? Já tem uma escolha?
Está disposto a acompanhar o trabalho do legislativo por quatro anos?

Muitos candidatos sérios desistiram ou se quer tiveram uma oportunidade porque foram julgados de forma generalizada. Outros políticos permanecem no cenário político, porém, sendo julgados como se fossem apenas mais um. E o eleitor continua equivocado, achando que propostas convenientes ou postura teatral de bom moço irão resolver o problema.

É agora a hora da escolha, depois não adianta reclamar...






quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Trouxe hoje na memória lembranças de lindos tempos...



 



Não posso fugir disso, afinal foi lá no PSB que iniciei minha caminhada política e olhava para Miguel Arraes como um mito. Era isso que ele era, era isso que ele representava um grande mito. Um mito vivo! 

Era uma representação perfeita de história de luta na vida atuante de um líder político e a Juventude Socialista Brasileira sabia muito bem como reconhecer e espelhar-se.

Quando eu era Vice-Presidente da Juventude Socialista Brasileira da cidade de São Paulo estive no aniversário de 60 anos do PSB e ouvia atento ao poeta Ariano Suassuna, que de forma muito engraçada e descontraída contava sobre sua amizade com Miguel Arraes. Quanta humildade para um gênio como o eterno Ariano Suassuna.

Estivemos juntos com Eduardo Campos no Hotel Nacional e Ana Arraes sempre presente e muito simpática com a militância do meu antigo partido.

Eu acabo brincando, provocando e desafiando as pessoas, suas crenças e sentimentos, mas sou ser humano e posso dizer que trago muitos sentimentos bons, sentimentos que nascem destas lembranças que eu carrego com carinho e muito orgulho.

Nesta manhã insights tomaram conta do meu subconsciente e em diversos momentos eu era chamado pela memória para muitos momentos dos meus 13 anos de militância no Partido Socialista.

E quando recebo a notícia da morte de Eduardo Campos eu me remeto a tudo isso e digo que fiz parte desta história e eles muito mais fizeram parte da minha história.

Tudo isso faz parte da minha construção como homem, como político, como militante e eu lamento muito que a história do Eduardo Campos tenha terminado assim tão cedo e de forma tão trágica.

Hoje vou refletir sobre a vida e a sua brevidade, sobre a sua insignificância e o quanto desperdiçamos desta vida em busca de coisas tão vulgares e supérfluas. 

Hoje quero refletir sobre o que fui, sobre o que sou e o que ainda quero ser.

Hoje quero refletir sobre o hoje e a possibilidade de não estar mais aqui amanhã.

Ainda ontem assisti trechos do filme sociedade dos poetas mortos e penso que a melhor coisa a se dizer, corrigindo, a melhor coisa a se fazer é viver o Carpe Diem.